2006-09-29

A lamentação é completamente inútil.

Não há dúvida de que é inútil e prejudicial lamentarmo-nos perante o mundo. Resta saber se não é igualmente inútil e prejudicial lamentarmo-nos perante nós próprios. Evidentemente. De facto, ninguém se lamentará perante si próprio, a fim de se incitar à piedade, o que nada significaria, dado que a piedade é, por definição, o voluptuso encontro de dois espíritos. Para quê, então? Não para obter favores, porque o único favor que um espírito pode fazer a si próprio é conceder-se indulgência, e toda a gente percebe quanto é prejudicial que a vontade seja indulgente para com a sua própria e lamentável fraqueza. Resta a hipótese de o fazermos para extrair verdades do nosso coração amolecido pela ternura. Mas a experiência ensina que as verdades surgem apenas em virtude de uma pacata e severa busca, que surpreende a consciência numa atitude inesperada e a vê, como de um filme que parasse de repente, estupefacta, mas não emocionada. Basta, portanto.
Cesare Pavese, in O Ofício de Viver
Desculpem a ausência! Bom fim-de-semana!

3 Comments:

At 11:24 da manhã, Blogger Desinteressada,mas pouco said...

Tens razão.
De nada vale lamentar-nos, se não fizermos nada para resolver aquilo pelo qual lamentamos.
Jokas

 
At 2:16 da tarde, Blogger Desinteressada,mas pouco said...

Ana, então quando é o proximo evento?

 
At 9:55 da tarde, Blogger Aventurasnobrazil said...

Desinteressada: resumindo: para a frente é que é o caminho ;) Quanto ao encontro, isto anda animado e só me sobram os dominguitos para esse evento :)

 

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